terça-feira, 3 de maio de 2016

Caminho Fiel [Pt. 6] Os peregrinos encontram algo na gruta

         Logo após entrarem na gruta, perceberam o silêncio que fazia em seu interior. Enxergavam bem, logo adiante deles, o chão seco, o qual Cristão iluminava; porém não viam mais do que poucos metros à sua frente.
      Caminharam ao longo do percurso temerosos, por causa do relato de Paixão. Esperavam encontrar demônios armados, como já tinham ouvido antes em histórias antigas sobre outros peregrinos que haviam caminhado por vales escuros.
       Porém, à medida que prosseguiam, encontravam a passagem cada vez mais iluminada com archotes laterais. Alguém estivera ali recentemente. O caminho continuava até onde suas vistas alcançavam, invariável e reto. Hesitantes, continuavam andando sem nada ouvir, a não ser o crepitar das chamas nas paredes rudes do interior da rocha. A luz da espada não era mais necessária neste ponto; mas Cristão a mantinha empunhada à sua frente, segurando-a com força.
          Chegando à metade da gruta, descobriram que o caminho se abria para as laterais, formando um lugar amplo no interior da caverna. Havia uma pequena mesa pouco mais alta que o chão, farta de comida, e duas pessoas sentadas no piso, à mesa, que os observaram. Pareciam estar esperando por eles.
            Houve um momento de tensão. E então:
            “Experiência!”, exclamou Cristã. “O que fazes aqui?”
     “Sejam bem-vindos, irmãos. Sentem-se um pouco, e descansem”, disse a mulher com amabilidade.
           Ambos se sentaram, um tanto perplexos de verem uma refeição posta num lugar tão incomum, no meio de um caminho inóspito. Contudo, os peregrinos sentiram-se aliviados por encontrarem rostos conhecidos, e felizes por se reencontrarem com velhos amigos, visto que Cristão também conhecia o homem, que se chamava Conselheiro. Esperando alguma pergunta ou explicação da parte de seus amigos mais velhos, os recém-chegados hesitavam, um tanto confusos; também procuravam disfarçar o quanto estavam famintos. “Comam, amigos. Sintam-se à vontade”, acrescentaram os anfitriões, descontraídos. Relaxando, eles puseram-se a comer e a beber avidamente, enquanto seus amigos esperavam, pacientemente, em silêncio. Quando já estavam um pouco mais recompostos, começaram a conversar sobre o caminho, seus perigos e surpresas, assim como as pessoas que tinham encontrado, enquanto continuavam a se deliciar com a refeição.

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