domingo, 25 de novembro de 2018

Poesia da Morte da Amizade

Fora o colérico! Gênio do mal
Cruel como ele, ninguém é capaz
Explode num pulo, num instante infernal
Melhor para todos deixa-lo pra trás

Melhor assim,
Só a gente tá bom demais

Alguns fazem falta
Outros a gente esquece
Nessa roda que é a vida
O asfalto é quem me aborrece

Melancólicos sentidos
Melhor ignorar
Acabar com essas briguinhas
E esse ciúme de chorar

Os primeiros já se foram
Agora, sim, tranquilidade
Só tá faltando liderança
E aquela racionalidade.

Mas tudo bem,
Só a gente tá bom demais

Fora, Fleumáticos!
O tempo todo a esperar
Os maiores indecisos
Especialistas em ignorar

Cadê aqueles poetas,
Artistas e cantores?
Falavam com lealdade
Ainda que em suas dores.

Mas tudo bem,
Só a gente tá bom demais

Sanguíneos alegres
Espontâneos e inocentes
Inconstantes, impulsivos
Pulam em galhos diferentes

Lembram dos mestres?
Ensinavam tão bem
Calmos e simples
Não brigavam com ninguém.

Mas tudo bem,
Só a gente tá bom demais

Se os outros já se foram
Vão embora esses também
Escolheremos os amigos
Que nos fizerem só o bem

Pra onde foram os risos?
A explosiva amizade?
Eles ouviam nossas dores
E deixaram mesmo saudade.

Mas tudo bem,
Só a gente tá bom demais

Silêncio aqui, não?
Cadê aquele barulho?
Ah, deixa pra lá
Melhor beijar o nosso orgulho

Brutos e frios
Sensíveis passionais
Passivos ao extremo
Sempre falam demais

Prato cheio de temperos
É o manjar da amizade
Tire algum pra melhorar
Resta a parcialidade

Um cordão de três nós
Ou até quatro, se puder
Desatando, então, vai ver
Que deu um belo tiro no pé

Cada um se livra
Do peso e do espinho
Por amor do silêncio
De ficar, enfim, sozinho.