sexta-feira, 23 de junho de 2017

Evangelização e Reforma [1]


Essa é a primeira postagem de uma série sobre o meio reformado e os erros comuns nele encontrados, inicialmente baseada num estudo sobre Atos 2. As próximas seguirão mais ou menos este esquema:
[1] O início de um tempo de colheita.
[2] Duas analogias do evangelho e a Grande Comissão. 
[3] Distorções comuns no meio reformado.
             Cada grupo de pessoas tem um foco.
[3.1] O perigo do hipercalvinismo.
[3.2] Ser instrumento do Evangelho deve ser uma paixão em nossas vidas.
[3.3] Patriotismo institucional.
[3.4] Sermos sempre críticos, focados em leitura e deixando de lado as pessoas.
[3.4.1] Não devemos evangelizar desconhecidos?
[3.4.2] Misture-se com os cristãos que ainda não conhecem tanto.
[4] Precisamos ser realmente unidos


Pentecostes - O início de um tempo de colheita

           


A festa de Pentecoste (a chamada Festa das Semanas) era uma das festas que comemoravam colheitas. Chamada de “dia das primícias” (Nm. 28.26) e festa da colheita (Ex. 23.16), ela foi a ocasião ideal para a vinda do Espírito Santo, que marcou o início da evangelização mundial após a morte de Cristo. Em Atos 1.8, ele havia previsto o início dessa grande obra missionária: Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra".

Estamos, assim, num tempo de proclamação da mensagem, desde aquele dia até hoje. O evangelho tem sido pregado em lugares cada vez mais remotos, até a conclusão da missão.

É preciso ressaltar aqui que “missões” não é “a essência da Igreja”, ou a “razão de ser da Igreja”. Já explorei esse equívoco aqui em um texto anterior , mas é sempre importante refrisar esse ponto. A Igreja existe para algo muito mais importante do que missões: ela existe para a adoração de Deus.

Apesar disso, a missão de proclamar o evangelho faz parte da essência da igreja. A vida do cristão envolve missões, por excelência. Não existe cristão que não anseia por ver o evangelho sendo espalhado pelos quatro cantos do céu. Não existe cristão que “respeita as outras crenças” (no sentido de considera-las legítimas). Não existe cristão que não tenta espalhar sua fé e anunciar a verdade. Todo cristão é um missionário; ou então é um impostor. Logo, leitor, se você se diz cristão, mas não tem nenhuma tristeza por seu amigo não ter fé em Cristo, acreditando que ele não precisa se converter, eu sinto muito, mas você mesmo não é um cristão; ainda não conheceu a Cristo.

Dessa forma, faz parte da vida cristã ser um instrumento de luz onde estiver. Se um determinado grupo de cristãos não proclama a mensagem, ainda que seja igreja, não está vivendo plenamente o ser igreja.

Assim, estamos continuamente em missões. Essa é uma obra que está ocorrendo 24h por dia no mundo inteiro, enquanto muitos plantam a semente, muitos regam, e muitos mais florescem numa nova vida enquanto Deus dá o crescimento.

Se você é reformado, deve ter muito zelo em compartilhar o evangelho: 

Você é reformado? Você ama a cruz de Cristo? Você ama o centro do Evangelho, que é o poder da morte de Cristo e seu efeito de justificação? Então, a consequência lógica disso é usar o poder da cruz – tomar a arma do Evangelho e coloca-la em uso. Crer que nenhuma gota do sangue de Cristo foi derramada em vão; que Ele já comprou suas ovelhas; que aquelas que o Pai atrai, certamente virão a Cristo; que elas ouvirão a voz do pastor, e ninguém as poderá arrancar da sua mão; que a graça de Deus, quando chega sobre elas, é simplesmente irresistível. Essas verdades não podem ter nenhum outro efeito sobre o cristão se não energizá-lo e turbiná-lo para pregar o evangelho, tomado pela confiança sólida de que o poder de Deus vai operar e garantir que o evangelho seja eficaz. Crer nessas verdades significa crer que uma obra de ressurreição será feita pelo próprio Deus nos corações daqueles que ouvem; isso tira um peso enorme dos nossos ombros, e o substitui pela alegria de observar nossos irmãos sendo, diante dos nossos olhos, regenerados pelo Espírito Santo e pela Palavra.

Assim, considero uma falácia dizer que a doutrina reformada tira das pessoas o zelo evangelístico. Muito pelo contrário! Se nós cremos que Cristo é poderoso, não apenas para “bater à porta” de alguém, mas para derrubar a porta de seu coração, entrar e salvar a ovelha comprada pelo seu sangue, então temos todo o poder para levar o Evangelho.