Uma forma sutil como a "Salvação pela Lei" se transveste de "Salvação pela Graça".

“Pois quem obedece a toda a Lei, mas tropeça em apenas um ponto, torna-se culpado de quebrá-la inteiramente.” (Tiago 2:10).

Esse versículo tem me perseguido em conversas sobre a Bíblia. É um dos que mais gosto e um dos que mais utilizo quando estou evangelizando. Porém, tenho visto que ele pode ser mal interpretado.

Algumas pessoas acham que ele só condena os ímpios (pois não obedecem à Lei de Deus), e não os justos (visto que estes obedecem a Deus). Os justos, segundo alguns creem, obedecem a toda a lei, sem tropeçar em nenhum ponto. Dizem eles: “A salvação é somente pela graça... mas o fruto da salvação é que você vai obedecer a Lei. TODA a Lei.”.

Isso é um erro que destrói o Evangelho da graça de Deus. Creio até mesmo que seja um ardil de Satanás para perverter o verdadeiro evangelho.

Se confiarmos nossa salvação a nosso desempenho espiritual – a nosso cumprimento da Lei –, caímos, na verdade, em condenação, pois baseamos nossa posição de “perdoados” diante de Deus em nosso próprio esforço. Há alguns que dizem: "A salvação é pela graça; mas você só está ligado à graça enquanto obedecer fielmente à Lei. No momento em que peca, deixa de estar sob a graça". Alegando crer na salvação pela graça, estão na verdade pregando a salvação pelas obras. Caem na maldição pronunciada por Moisés e repetida pelo apóstolo Paulo: “Já os que são pela prática da lei estão debaixo de maldição, pois está escrito: ‘Maldito todo aquele que não persiste em praticar todas as coisas escritas no livro da Lei’.” (Gálatas 3:10; Dt. 27.26). Entre estes, estão os Adventistas, que hoje em dia constituem a seita mais sutil no Brasil, muitas vezes se misturando com os verdadeiros evangélicos.

Nossa posição de JUSTIFICADOS diante de Deus se baseia EXCLUSIVAMENTE no mérito de Cristo e na obediência DELE em nosso favor, a qual foi gratuita, IRREVOGÁVEL e ETERNAMENTE IMPUTADA a nós, nos tornando PARA SEMPRE justos diante de Deus. NADA do que façamos após esse veredicto pode muda-lo, pois Deus preservará para sempre suas ovelhas (João 10.28-29). Nós somos salvos pela graça, santificados pela graça e sustentados pela graça. Vivemos mergulhados num oceano de perdão que excede nosso desempenho.

Mesmo justificados, continuamos descumprindo toda a Lei, todos os dias; na verdade, nunca amamos a Deus com TODA a nossa força, nem o nosso próximo perfeitamente, como a nós mesmos; assim, violamos a Lei de Deus CONSTANTEMENTE, a cada milissegundo, em todos os seus mandamentos. 

Se a nossa salvação dependesse de pedirmos perdão conscientemente por todos os nossos pecados, precisaríamos viver 24h por dia clamando a Deus por perdão – e ainda assim sem nenhuma segurança de salvação. Mas Cristo já ora por nós constantemente, nos dando segurança eterna (Rm. 8.34; 1 João 2.1). Não tente preservar sua salvação por meio de “orações de arrependimento”, como se perdesse a salvação por causa de um pecado, e depois precisasse readquiri-la (salvação pelas obras); pois, assim, estará tentando merecer seu perdão numa espécie de sacrifício de penitência. Já fiz isso muitas vezes; como se a tristeza do arrependimento fosse o mérito que apresentamos a Deus, para dizer que temos alguma justiça para trazer diante dEle. Não! Peça perdão a Deus com sinceridade, chore pelo seu pecado, e agradeça a Deus pela sua salvação imerecida, gratuita e perpétua (Hebreus 10.14).

Não me entenda mal; o arrependimento é necessário, sem o qual não há perdão. E o verdadeiro cristão realmente avança poderosamente na santificação e na vitória sobre o pecado. Se você não se sente mal com seu pecado e não luta contra ele, ou se nunca faz nenhum real avanço na santidade, não há nenhum indício de que realmente tenha sido perdoado por Deus. Todos os que são feitos filhos também recebem um novo coração, e odiarão o pecado e lutarão contra ele por toda a vida, pois são novas criaturas – justamente porque a semente de Deus permanecerá para sempre neles (1 João 3.9).


Por isso, deixo este alerta: no momento em que apoiarmos nossa posição diante de Deus na nossa obediência, a Lei fiel de Deus se voltará contra nós, e, diante do menor pensamento impuro em nossa mente, nos humilhará e nos condenará como transgressores e inimigos sob o juízo de Deus.

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