quinta-feira, 7 de junho de 2018

Metonímias ambulantes

Acabei pensar no fato de que somos metonímias ambulantes.

Nossa vida sempre remete a uma realidade bem maior que nós, e estamos sempre reproduzindo na nossa vida pessoal ("tipificando") os grandes eventos da história da humanidade.

O homem, várias vezes na sua vida, reproduz a ação de Adão ("o homem!") de ser preguiçoso, molenga, passivo (por que não dizer, manicaca) e ambicioso.

A mulher, várias vezes na sua vida, reproduz a ação de Eva de ser rebelde, mandona, e querer definir as coisas do jeito dela.

Nos romances, o rapaz "direito" é sempre visto como sem graça, enquanto o galã, geralmente do tipo bad boy, meio delinquente e mais astuto, é visto como o atraente, o empolgante e o verdadeiramente  sensual - é só olhar qualquer saga famosa de filmes ou livros. Assim, as pessoas, sem perceber, encenam com suas vidas a relação entre Cristo, a Humanidade e o Diabo.

Os justos são desprezados, por melhor que ajam, enquanto os ímpios prosperam - mostra-se a imagem, assim da vinda de Cristo.

Muita gente é repreendida e fica com raiva, chegando até a difamar seu repreensor por "não ter falado com jeito", sem saber que está tipificando Israel, que apedrejava seus próprios profetas.

Outros difamam em nome do bem, sem se dar conta que estão reproduzindo o julgamento de Cristo no Sinédrio, onde em nome de Deus condenaram a Deus.

Cada boa obra, cada bom livro, cada boa música, cada boa ideia - qualquer coisa boa que exista no mundo é desprezada e ignorada como sendo de nenhum valor (ao menos, até certo ponto), enquanto que as vaidades do mundo (no sentido de serem coisas vazias e realmente sem valor) são admiradas por todos. Não há nada de bom nesse mundo que não seja ignorado pela maioria. Assim, no nosso dia a dia encenamos o conceito de idolatria.

Assim, a vida de cada um é um palco particular onde são encenadas, de novo e de novo, cada uma das grandes cenas da história da redenção.

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