Esse livro fala sobre um conjunto
de conceitos inter-relacionados: ansiedade, depressão, desânimo, esgotamento,
perplexidade, autocomiseração.
Na primeira parte, que fala da ansiedade,
ele começa traçando uma distinção essencial entre a preocupação normal e a
preocupação pecaminosa (ansiedade de fato). A segunda é realmente um problema
sério, mas que pode ser vencido. Para isso, vai analisá-la, explicá-la e
destrinchá-la, para depois dar instruções práticas de como vencê-la.
O primeiro pressuposto para
vencê-la é que ela só pode ser derrotada de maneira sobrenatural. Não há como
vencermos a ansiedade se ainda vivemos de acordo com este mundo – até porque a
ansiedade é um defeito na fé – um sintoma do distanciamento de Deus. Deus é a
solução da ansiedade. Nada neste mundo o substituirá: remédios, distrações,
entretenimento, pensamentos positivos, terapias. Tudo isso é inútil para vencer
de vez o problema.
Ele então define a ansiedade: “é
um uso impróprio de uma resposta emocional dada por Deus.” (p. 45); “um senso
de apreensão, dúvida ou inquietação quanto ao que pode acontecer conosco ou com
algo ou alguém com que nos importamos. Ela está ligada a um sentimento de medo
intenso, de desânimo e de um estado de alerta constante. A ansiedade é a
preocupação que se tornou fonte de tormento emocional” (p. 47-48).
Ele segue uma abordagem bem
bíblica: diz que devemos jogar fora ideias de ordem natural, social, médica
como causas primárias da ansiedade. Ele lamenta muito ver pessoas com o
pensamento de que são vítimas de nossa própria personalidade, da infância ou de
circunstâncias presentes. Não devemos considerar a ansiedade como uma
característica normal de algumas pessoas. Antes, devemos reconhecê-lo como, em
grande parte, resultado do pecado em nosso coração. Ao dissecar a ansiedade nos
próximos capítulos, ele deixa claro que ela é, em grande parte, o simples fruto
de nossas escolhas pecaminosas, orgulho e desobediência. Como acontece com
muitos pecados, nós dizemos que queremos ser libertos, mas quando vamos às
minúcias, para detectarmos cada ponto em que contribuímos para alimentar e
fortalecer aquele pecado, somos resistentes, teimosos, rejeitamos as soluções
concretas ou simplesmente não sabemos o que fazer (também, porque sequer
buscamos estudar as Escrituras ou procuramos fontes cristãs para aprender
mais).
O que acontece é que caímos
naquele mesmo pecado que nos é natural, de não querermos falar sobre nossa
culpa: “os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram
más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as
suas obras não sejam reprovadas.” (João 3:19,20). Nós fomos
libertados de viver e amar as trevas, mas na nossa imperfeição ainda voltamos
muito à mesma mentalidade. Somos “reformados” e amamos dizer que cremos na
depravação total: “sou um miserável, pecador, nascido escravo do pecado, mau, o
coração é enganoso”, etc. Mas quando alguém chega para especificar como somos
maus, e mostrar todo o quadro, bem explicadinho, de como são os nossos pecados
e como eles influenciam em outras áreas, que por sua vez causam problemas em
outras ainda, até em outras pessoas, aí a coisa pega. Muitas vezes queremos
voltar à ignorância. “Ah, não quero saber disso”. Preferimos voltar ao escuro,
tateando e dizendo abstratamente: “a vida é muito cheia de tristezas, eu sou
muito pecador...” mas sem especificar nada. É mais cômodo permanecer na
ignorância, mas isso também trará mais sofrimento a longo prazo. O primeiro
passo é estar disposto – e até mesmo contente – em olhar para a feiura do seu
diagnóstico. Se você pensa em ler livros de aconselhamento – ou, pra falar a
verdade, qualquer tipo de literatura cristã ou pregações – esteja preparado
para isso. De fato, é a melhor coisa que você pode fazer, pois do coração "procedem todas as fontes da
vida" (Pv. 4.23).
Enfim, voltando ao assunto:
Por tudo isso que falei, esse
livro é muito diferente de autoajuda. Ele não vai simplesmente passar páginas
te enchendo de histórias e palavras abstratas de encorajamento e consolo. Ao
invés disso, ele diz: “vamos levar o assunto a sério e investigar tudo o que
podemos sobre ele”.
Aqui vai uma parte do teste sobre ansiedade:
Pois então, ele diz que uma das
formas de sabermos se passamos da linha da preocupação pecaminosa é saber quais
as fontes da ansiedade. Ele fala em fontes secundárias (não pecaminosas, i.e.,
circunstâncias da vida e pessoas) e primárias (pecaminosas).
As fontes secundárias são:
questões de saúde, de provisão de necessidades materiais (roupas, alimentos),
influência de outras pessoas ansiosas que acabam espalhando sua ansiedade (um
alô pra Datena e Papinha), o medo de falhar, de ser injustiçado, acusado
falsamente, caluniado, de não conseguir cumprir tarefas, da indiferença das
pessoas.
As fontes primárias, mais
profundas e arraigadas na nossa vida, são nada menos que pecados enraizados em
nós : (1) um sistema incorreto de valores; (2) tentar servir a dois senhores
(voltar a atenção para tesouros terrenos); (3) um pensamento distorcido (que
inclui focar exageradamente nos detalhes negativos da vida); (4) egoísmo (que
pode se manifestar na forma de orgulho, perfeccionismo ou tentar fazer coisas
demais); (5) uma aproximação superficial da Palavra de Deus; (6) preguiça ou
irresponsabilidade. Ele explica cada uma delas em separado.
Todas essas fontes, porém, estão
ligadas a uma sétima fonte principal, mais profunda: incredulidade. A ansiedade
é fruto de não crermos, na prática, que Deus está presente, que interfere na
realidade, que domina sobre tudo, que sua Providência é absoluta e perfeita e
que vai suprir nossas necessidades (aí está um bom exemplo de como a Soberania
de Deus não é um assunto meramente teórico, sem importância para a vida
cristã). Por isso é inútil tentar curar a ansiedade sem um relacionamento
pessoal com Deus. Por isso, também, ele vai passar o próximo capítulo ensinando
como lutar contra a ansiedade: fortalecendo a fé. Não adianta sabermos muito
sobre ansiedade se não cumprimos, na prática, as orientações que as Escrituras
nos dão para alimentarmos nossa fé.
A partir daí, é uma questão de
luta: usar as armas que Deus nos dá pra fortalecer a fé e lutar contra a
ansiedade. Para saber quais são, leia o livro. Vou deixar essa parte para você
ler por si mesmo(a). Nossa mente tem a mania de tratar com banalidade o que foi
facilmente mastigado.
Mas adianto um conselho
importante: seja grato(a) a Deus. Concentre-se em tudo o que Ele tem feito de
bom – até mesmo o que você ainda não vê. Ele está trabalhando de mais formas do
que você imagina.
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