segunda-feira, 17 de outubro de 2016

[Resenha] Como posso desenvolver uma consciência cristã? - R.C. Sproul



[Escrita em Nov 2015]

Recentemente, terminei de ler este livro, um dos melhores que já li deste autor. Ele faz parte de uma série de livretos sobre assuntos cruciais da fé cristã.

Como esperado, o Sproul aborda muito bem a questão de como o cristão deveria enxergar a sociedade à sua volta, especialmente no que tange à ética.

Os assuntos que mais achei proveitosos foram: o tema do relativismo, como como lidar com questões morais na cultura secular (como um cristão deveria enxergar a legislação que toca em certos pontos morais), a visão cristã do sentimento de culpa, a prevalência da lei de Deus sobre toda vontade e cultura humanas. E ainda dá uma pincelada na doutrina reformada do aliancismo.

Em especial, achei fantásticos os capítulos que falavam sobre os dois extremos opostos que distorcem a lei de Deus: o legalismo e antinomianismo. Eis um resumo desses dois:

As formas que o legalismo assume:

1 - Guardar a lei como fim em si mesmo. Separar a obediência à lei da obediência a Deus.
Não há amor, alegria, adoração, apenas apego a regras por si mesmas.

2 - Separar a letra da lei do espírito da lei. A preocupação é apenas em cumprir rigidamente a letra, mesmo que, no fundo, esteja se ferindo a finalidade para a qual a lei foi feita.

3 - Acrescentar nossas próprias regras à lei de Deus e considerá-las divinas. Inserir regras sobre assuntos dos quais a Bíblia não fala nada. É o tipo mais comum e mais prejudicial. Está muito ligado ao próximo tipo.

4 - Valorizar em primeiro lugar as coisas menores da lei. Preocupar-se mais com a quebra de um padrão sem importância, muitas vezes baseado na tradição, do que com as coisas mais centrais na ética cristã: justiça, misericórdia e fidelidade.

5 - Escapismo. Procura-se minuciosamente brechas na lei, para poder quebrá-la de uma maneira formalmente correta.

Em seguida, ele explica alguns tipos de antinomianismo (anti + nomos = contrário à norma, ideologia contra a lei. O exato oposto do legalismo).

1 - Libertinismo. "Deus é gracioso, Ele sempre perdoa, então podemos pecar".

2 - Espiritualismo gnóstico. A pessoa utiliza uma suposta revelação pessoal para validar suas próprias vontades. "Deus me disse que era pra eu fazer isso e aquilo"; "Deus me revelou no meu coração que eu deveria tomar tal atitude", muitas vezes de forma contrária à Palavra de Deus. Como Sproul diz: "Usamos uma linguagem espiritual para livrar-nos a nós mesmos de prestar contas à comunidade cristã [...] Quem quer argumentar contra a chamada de Deus?"

3 - Situacionismo. "Deus entende minha situação, Ele me concede uma exceção pra quebrar a lei nesse ponto"; "Minha consciência está limpa, porque estou agindo pelo amor".

Por fim, no último capítulo, ele ainda aborda a questão dos graus de pecado, explicando à pergunta: "Existem graus de pecado - pecadores maiores e menores?". Contrariando o senso comum no meio evangélico, ele defende que sim, e mostra que tanto biblicamente como historicamente essa foi uma verdade reconhecida pela Igreja, e essencial para nossa convivência em comunidade.

Um dos melhores que já li dessa série.

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